capítulos: 20, 21...

(continuação)

Bem o que se segue ocorreu, sei pq foi comigo que aconteceu, e assim sucedeu...




Saí da tal ressonância com 3 vértebras da coluna quebradas, entre tantas outras partes fissuradas, rachadas, estraçalhadas...

Ao todo:

foram 11 costelas quebradas,

um edema na medula,

um pulmão perfurado,

homoplata esquerda fissurada,

uma prótese para o joelho,

preenchimento e alguns pinos na perna,

além da L1, L2 e L3...

as previsões da minha volta ao mundo, normal...já não era tão usada pelos médicos em geral.

Mas ao contrário de tudo e todos, eu estava animada. Talvez pelo choque da real descoberta ou pela morfina que continuavam a me aplicar. Dor de costela quebrada é horrível, mas não é nada comparada a possibilidade de não mais rir.

Então, minha mãe 25hs ao meu lado, fazia-me todos os agrados desde que me fizessem sorrir. E sorrimos, rimos, demos gargalhadas, quando numa tarde bem quente e ensolarada, lá vem Dulcinha e sua "cambada" , os doutores da alegria!
Fizeram tanta bagunça e demos taaanta risada, que eles literalmente foram convidados a deixar o local, pq naquela ala elegante do hospital,sorrir não era muito permitido não.
Só desistiram do ato, quando entraram em meu quarto e viram Dulcinha regendo maestrina toda aquela confraria. Dulcinha Lopes Pontes, no alto de seus 1 metro e cinquenta de altura, tinha tamanha estatura no conceito geral, que mudaram as regras do hospital rapidinho, e os doutores puderam me fazer rir, mais um pouquinho.


Atrelada a essa receita, minha querida vovó vinha quase todos os dias, trazendo geléia de mocotó. 
E foi nesse clima de festa que sempre chegavam os amigos, conhecidos e outros mais.


Minha emissora na época, mandava Mac Donalds escondido em meio a papelada, porque se algo mata em hospital é aquela dieta da nutricioista que perdeu de vista o paladar.

A senha para me ver prá quem fizesse a pergunta: Yarinha levo o q?

-Mac Donalds escondido!

...Um amigo foi de pasta de médico e de  branco vestido, muito metido...nem barrado foi na portaria. O distinto tem tanta fidalguia, que os porteiros até fizeram menção honrosa, sem saber que embaixo daquela estampa, tinha mesmo um contrabando com sundae, refrigerante e um mac plano feliz!

Passaram se dias, semanas e meses...talvez até ano... e eu gravava off de oferta de cama, e continuava no ar sendo garota propaganda...


Recebi propostas das mais indecentes, visita de manicures, cabelereira, amigo que montou quase uma penteadeira no quarto, parecia a verdadeira mudança do Garcia.

Não posso dizer que foi triste, se algo entedia é ter que contar a mesma história muitas vezes, e para esses q perguntavam, minha mãe já sacava uma matéria de revista com 4 páginas explicando o que houve, pq e quando.

Um dia de repente, tive uma grande vontade de me sentar, mais como?

Minha mãe tinha me deixado uns poucos momentos sozinha, e me arrisquei, juro que até hoje não sei, mas quando me vi estava desmaiada e sentada na cadeira do lado da cama.

Miha mãe entrou e em choque foi perguntando:
como é que colocaram minha filha aí?

Eu, já acordada disse; foi um anjo!

E no outro dia, a mesma cena sucedeu, eu não sei exatamente o q aconteceu, mas sei que em um mês, estava fora daquela cama, não exatamente caminhando, mas sentia meus pés, e já havia tomado meu primeiro banho!

Nos demos alta, e partimos para outra instância, com muita fisioterapia e comilança...corticóide engorda, mas o apetite que eu tinha pela vida era voraz...

Engordei um pouquinho, tive q emagrecer, a pernoca não aguentava a pressão e o joelho biônico reclamava a colocação. Trocamos. Em resumo: em menos de um ano, passando por alguns hospitais, eu estava novamente andando...de cadeira de rodas, depois de andador, muletas e por um bom tempo bengalas,tinha umas 3... agora fico pensado, nesses dias ainda vou estar surfando!

Porque voltar a mergulhar com cilindro eu já mergulhei...

E como é que não vou testemunhar um milagre, e lembrar de Irmã Dulce falando, vc não vai precisar operar e vai voltar a andar.

Meu médico q é bem famoso, até hoje não tem como atribuir a algo que não a fé.
Nos disse confessando, que quando era pequeno, resolveu ser médico por influência das visitas que sua mãe de voluntária fazia, as peregrinações q o Anjo Bom da Bahia, tinha lá no Bonfim.

Ele também era um milagre da nossa Dulce querida, como intecessora da fé. Então falem ou pensem o q quiserem, nós atribuímos a Ela e a Deus, esse milagre que hoje chamo de meu!

Não foi fácil, não foi sem fisioterapia, acunpuntura e muita fé, mas estou de pé, já faz um bom tempo e hoje daquele sujeito que disse que eu nunca mais iria andar, nem lembro do jeito ou rosto que tinha, mas agarrei com fé a esperança que vinha, e cá estou de pé...!

Se a alguém (ns) eu devo agradecer na Terra, certamente essa pessoa é minha mãe...por ter me dado a vida duas vezes, com a possibilidade de ter muita fé!


A Dulcinha que não precisou nem cumprir a promessa de subir as escadarias de joelho, antes q ela soubesse eu já tinha ido, e subido feliz aqueles e degraus...
A Maria Rita, irmã de todas as horas, tia Suzana pelos telefonemas, as lágrimas do Zé Mané e da Bia...
Noemia, Surya, Patricia, minha querida tia Eunice, Mônica, Nino, Mila, Junior, Marta e Mauricio, Cláudia,Roque e a tantos outros que foram sem nunca ter ido, aos enfermeiros(as) e funcionário (as) queridos que tão bem me trataram...
Aos meus muitos médicos e advogados!
Foi o melhor e mais profundo acontecimento da minha vida, porque mesmo eu vendo a partida de muita gente, eu fiz um joga fora, limpa e pronto, agradeci aos que não mais estavam pelos tempos passados e abri o coração e braços, para abraçar uma nova oportunidade na vida de viver e ser bem  mais feliz!!!
A morfina virou nome: da nossa gata,
as muletas e coletes: ex votos,
a cadeira está mais bem utilizada...
e aprendi tanto em tão pouco tempo que um ano ou mais, pareceu um momento que veio só para nos ensinar!
A vida é cheia de subidas, descidas e tem curvas no caminho também, mas a nós, cabe olhar bem o destino onde realmente se quer ir e estar!

Eu, quero voltar prá casa do MEU PAI!

Um comentário:

  1. Sem palavras... profundamente emocionada... sempre digo: uma vida sem fé e esperança deve ser muito ruim. Lendo isso, tive a reposta que procurei tempos atrás: onde está a Lú Dias? Ouvia a voz mas, a imagem não via. Pensei, deve estar encantando em outras bandas (coisas de fã, admiradores). Um dia tava triste, querendo distrair a mente e abri uma revista (NOVA), lá estava o depoimento. Passei dias com aquilo na cabeça e pensava: uma pessoa que tem um trabalho tão legal, respeitoso e é DO BEM, deve ter alguns privilégios com o cara lá em cima. Que bom que eu tava certa! Isso só reforçou um lema: fazer o bem sem olhar a quem! VIVA A VIDA!

    ResponderExcluir