cap: 31
Já faz alguns dias que venho pensando nessa grande e genial figura que tive o privilégio de conhecer, entrevistar, visitar, trocar idéias e me tornar amiga...
Zé Augusto, conhecido durante anos como o mais raivoso homofóbico brasileiro,(rs)...não era nada disso, certa vez me confidenciou que nem homofóbico era de verdade, já tinha se arrependido de um dia sê-lo,porém gostava da polêmica...e era orgulhoso demais para se desdizer!
Ele não parecia em nada com um tiozinho, avô...normal,além da aparência prá lá de carismática e simpática. Era sim uma enciclopédia ambulate, dono de uma memória incrível e de uma cultura exemplar. Além de médico, jornalista era um excelente marido, pai e avô.
Todas as vezes que visitava a casa do Rio Vermelho, dona Lícia me recebia com carinho, como se fosse alguém da família, sempre impecável, linda e gentilíssima... ambos pareciam mais um casal de eternos namorados.
Quando entrávamos no escritório que ficava fora da casa, ele sempre apontava o final do terreno e dizia; "Jorge e Zélia moram ali, somos vizinhos de fundos"...fazia outros trocadilhos engraçados com o fato e certa vez, encontrei minha amada Dona Zélia lá, fazendo uma visita rapidinha.
Quando enfim, entrávamos no "seu" espaço, dona Lícia delicadamente nos deixava a porta, perguntava se queríamos beber algo e deixava o marido contar suas histórias geniais sozinho.
Ver seu álbuns de fotos, era uma viagem ao paraíso cinematografico...Zé Augusto Berbert esteve a convite dos estúdios em Hollywood, várias vezes em Los Angeles e guardava as histórias,conversas e situações pitorescas que passou com seus novos amigos de infância...os astros da década de 60 e 70.
Ser o crítico de cinema a mais tempo em atividade no Brasil, não o deixava "esnobe não", na verdade...não se considerava crítico de cinema coisa nenhuma, dizia que o povo gostava de ler sua coluna, por ele escrever como platéia para platéia.
Exatamente por isso era genial, não queria ser pseudo intelectual nas linhas, ele já era no ser...então traduzia para simples mortais o que via e sabia como ninguém comentar.
Foi lá também que soube da amizade dele e Jorge Amado, vi vários livros que o amigo trazia de suas viagens autografados para Berbert, e ele contando emocionado que Jorge quando estava ganhando um livro por exemplo de Neruda, dizia: "...autografa aí para o meu amigo Zé lá da Bahia, ele vai gostar..."
E assim por anos seguiu, mantendo a tradição. Ah, Zé além de ex-excomungado e ter escrito um livro sobre o tema, também é personagem em livros de Jorge Amado(O Sumiço da Santa). E atuou no filme Tenda dos Milagres.
Foi lá também que soube que irmã Dulce que era sua prima carnal, adorava jogar futebol.
Como médico, trabalhou anos lado a lado com a prima nas Obras Sociais. Se dizia ateu, graças a Deus...bobagem, era um homem de uma enorme fé.
A última vez em que nos encontramos aliás, foi na Missa de Irmã Dulce em 2006, quando eu estava acompanhada de minha mãe e Dulcinha sua prima também, entregando a minha cadeira de rodas e muletas para Dom Geraldo Magela... ele ao me ver, começou a chorar e acabei eu, recém aprendido a andar novamente,o amparando.
Ele era cá entre nós, uma manteiga derretida, de um coração enorrrrrme e nobre demais para as épocas atuais. Um homem dos anos 20, que durante 60 anos manteve sua coluna no jornal A Tarde, sempre atualíisimo e antenado demais.
E tem mais, foi ele também que me confidenciou que o Major Nelson, personagem vivido por Larry Hagman, aquele mesmo da Jeannie é um gênio, tinha vivido antes da série em Salvador, e era seu vizinho, ambos se reencontraram em Hollywood e Zé acabou fazendo uma ponta num dos episódios da série, onde depois de uma piscada, virava um coqueiro...
Que saudade daquelas prosas saborosas...que falta ennnorme sua nobreza me faz! Pronto, escrevi sobre alguém que como jornalista me encantou e como ser humano me emocionou!
Já faz alguns dias que venho pensando nessa grande e genial figura que tive o privilégio de conhecer, entrevistar, visitar, trocar idéias e me tornar amiga...
Zé Augusto, conhecido durante anos como o mais raivoso homofóbico brasileiro,(rs)...não era nada disso, certa vez me confidenciou que nem homofóbico era de verdade, já tinha se arrependido de um dia sê-lo,porém gostava da polêmica...e era orgulhoso demais para se desdizer!
Ele não parecia em nada com um tiozinho, avô...normal,além da aparência prá lá de carismática e simpática. Era sim uma enciclopédia ambulate, dono de uma memória incrível e de uma cultura exemplar. Além de médico, jornalista era um excelente marido, pai e avô.
Todas as vezes que visitava a casa do Rio Vermelho, dona Lícia me recebia com carinho, como se fosse alguém da família, sempre impecável, linda e gentilíssima... ambos pareciam mais um casal de eternos namorados.
Quando entrávamos no escritório que ficava fora da casa, ele sempre apontava o final do terreno e dizia; "Jorge e Zélia moram ali, somos vizinhos de fundos"...fazia outros trocadilhos engraçados com o fato e certa vez, encontrei minha amada Dona Zélia lá, fazendo uma visita rapidinha.
Quando enfim, entrávamos no "seu" espaço, dona Lícia delicadamente nos deixava a porta, perguntava se queríamos beber algo e deixava o marido contar suas histórias geniais sozinho.
Ver seu álbuns de fotos, era uma viagem ao paraíso cinematografico...Zé Augusto Berbert esteve a convite dos estúdios em Hollywood, várias vezes em Los Angeles e guardava as histórias,conversas e situações pitorescas que passou com seus novos amigos de infância...os astros da década de 60 e 70.
Ser o crítico de cinema a mais tempo em atividade no Brasil, não o deixava "esnobe não", na verdade...não se considerava crítico de cinema coisa nenhuma, dizia que o povo gostava de ler sua coluna, por ele escrever como platéia para platéia.
Exatamente por isso era genial, não queria ser pseudo intelectual nas linhas, ele já era no ser...então traduzia para simples mortais o que via e sabia como ninguém comentar.
Foi lá também que soube da amizade dele e Jorge Amado, vi vários livros que o amigo trazia de suas viagens autografados para Berbert, e ele contando emocionado que Jorge quando estava ganhando um livro por exemplo de Neruda, dizia: "...autografa aí para o meu amigo Zé lá da Bahia, ele vai gostar..."
E assim por anos seguiu, mantendo a tradição. Ah, Zé além de ex-excomungado e ter escrito um livro sobre o tema, também é personagem em livros de Jorge Amado(O Sumiço da Santa). E atuou no filme Tenda dos Milagres.
Foi lá também que soube que irmã Dulce que era sua prima carnal, adorava jogar futebol.
Como médico, trabalhou anos lado a lado com a prima nas Obras Sociais. Se dizia ateu, graças a Deus...bobagem, era um homem de uma enorme fé.
A última vez em que nos encontramos aliás, foi na Missa de Irmã Dulce em 2006, quando eu estava acompanhada de minha mãe e Dulcinha sua prima também, entregando a minha cadeira de rodas e muletas para Dom Geraldo Magela... ele ao me ver, começou a chorar e acabei eu, recém aprendido a andar novamente,o amparando.
Ele era cá entre nós, uma manteiga derretida, de um coração enorrrrrme e nobre demais para as épocas atuais. Um homem dos anos 20, que durante 60 anos manteve sua coluna no jornal A Tarde, sempre atualíisimo e antenado demais.
E tem mais, foi ele também que me confidenciou que o Major Nelson, personagem vivido por Larry Hagman, aquele mesmo da Jeannie é um gênio, tinha vivido antes da série em Salvador, e era seu vizinho, ambos se reencontraram em Hollywood e Zé acabou fazendo uma ponta num dos episódios da série, onde depois de uma piscada, virava um coqueiro...
Que saudade daquelas prosas saborosas...que falta ennnorme sua nobreza me faz! Pronto, escrevi sobre alguém que como jornalista me encantou e como ser humano me emocionou!
Que maravilha ler isso tudo aqui. Meu avô era uma pessoa cheia de méritos mesmo! E dono de histórias incríveis. Que bom que você pôde ver isso de perto. Que bonito este resumo de quem ele era!
ResponderExcluirMe sinto muito feliz por ter tido ele em minha vida. Obrigada pelas memórias!