Sinais...

Durante toda minha vida, fui presenteada por sinais...de trânsito, de fumaça, de perigo...e outros mais espirituais.

Não sei se acontece com você, de sonhar que está voando e essa ser uma sensação quase real...sonhar as vezes com coisas que acontecem, enfim, acredito que todos temos esses e outros sinais especiais a nos acompanhar.

Em 2003, quando estava gravando o programa viajante de tv,fomos para Serra do Cipó em Minas Gerais,no que amanheceu dia 24 de junho tive uma sensação estranha, nem boa, nem ruim...mas a noite, quando estávamos indo pela estrada de terra para um ritual da festa de São João, chamada por lá de Candombe(uma espécie de sincretismo religioso da festa africana para a católica),passou dando um razante na frente do carro...uma coruja branca, sem semelhança a de Harry Potter, mas com um quê especial para mim(essas corujas sempre apareciam quando algo ia mudar...).
Falei na hora pro MV(Marcus Baldini),isso é um sinal.Ele olhou e deve ter pensado; qual?

Chegamos na festa, lindinha, cheia de fé e magia,de gente simples da lavoura...em volta de uma casinha pequena só na forma, porque dentro cabiam mais de cem em frente ao altar, e lá fora,num mastro a bandeira do Santo Menino e do lado uma fogueira grande que quase chegava no céu...

Conversando com a gente de lá, soube por um moço...
que mais tarde haveria um teste de fé!

Depois da meia noite, enquanto o menino dormia,os mais corajosos e fervorosos na fé,
passavam a fogueira, pisando nas brasas, com os pés...(descalços).

Ah, se isso era teste de fé, eu muito ingênua ou arrogante talvez, disse...quem tem fé não queima o pé? Vou também...

MV, tentou fazer com que eu desistisse, mas se ele disse não, aí é que eu faria, tínhamos uma rixa aberta e uma admiração velada... coisa de adolescente fora de época.

E eu fui, pedi para o Rodrigo nosso cinegrafista se posicionar e o MV vendo que eu ia, se posicionou com a outra câmera também, eu vibrei, descalcei os pés,e fui concentrada...andei cerca de uns dois metros sem nada sentir, até que alguém me chamou e me desconcentrei...comecei a sentir meus pés afundando...a cada centímetro mais naquelas brasas ardentes...andei mais um ou dois metros assim, atravessei e do outro lado quando cheguei,levantei os braços, parecendo querer correr para o abraço e o gol comemorar, nada..era dor controlada, assim que percebi que não estava sendo filmada, desmaiei com os pés em larvas, doendo de uma forma que não consigo explicar.

Enfim, fomos todos parar num hospital a 18km dali, eu durante todo o caminho da estrada   chorava de dor,e quando chegamos soubemos que a última dose de morfina já havia sido aplicada,num repórter da Folha Ilustrada que também tinha falhado na fé.

O médico bem simpático,tentou explicar que racionalmente não dava,eu com aqueles pezinhos fininhos,tentar competir com a galera da enxada, com os pés um pouco mais calejados,talvez.
Fiquei frustrada e impossibilitada de andar, tive queimaduras profundas, atrapalhei as filmagens,e era de colo em colo levada para terminarmos a saga de Minas Gerais.

Demoraram dois meses inteiros até um xamã verdadeiro eu conhecer e depois de um ritual na Chapada dos Veadeiros, conseguir com um guizo de cascavel,andar outra vez.

Alguns anos passaram, para eu entender esse porque...
era um sinal, eu fui iniciada num ritual, trocando de pele, criando casco, para poder depois do meu acidente, novamente re-aprender através da fé a andar.

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