...milagres...


capítulos 18,19...

Da internação no primeiro hospital até ter alta...passou um bocado de tempo, então vou resumir para as partes mais relevantes, e porque não dizer...interessantes!

Assim que fui internada, só não o fui como indigente, porque havia um jornalista destacado para cobrir o acidente que me reconheceu,(Carlos Pacelli) sabe-se lá como e ficou ao meu lado literalmente, brigando no primeiro hospital por mim . Quando acordei algum tempo depois, já tinha quase que um comitê ao meu lado, com os donos da empresa de ônibus a postos, algumas enfermeiras e uma discussão: quem e como avisar...
Eu acordada olhei para o lado e sem entender onde estava só pedia para enfermeira, água por favor...
E nada da água ser servida, rapidamente atualizada do que ocorrera, pelo a partir dali grande amigo prá vida inteira...decidi que devia avisar minha mãe.

Lembrei do número do telefone e fiquei falando do lado de quem ligava, para ela ouvir que eu estava bem, qdo colocaram o telefone em meu ouvido, lembro de ter dito, acho que quebrei minha perna; " a senhora pode vir me buscar? Ainda preciso gravar..."
Seguiram-se mais umas três ligações, um para equipe que me aguardava, outro para o melhor amigo e um para o ex namorado. Desmaiei e só acordei quase depois de um mês...

Operações se seguiram, coma, UTI, e minha mãe sempre ali ao meu lado. Ficamos um mês sem poder mudar de cidade ou hospital, por causa dos pulmão perfurado...e pelo que sei, fui um sucesso, flores, telefonemas, amigos descendo no meio do hospital...e minha mãe pedindo, não venham...(em vão).

Muitos também se foram, outros foram constantes nos telefonemas q animavam minha mãe. Assim que descobri em partes o que tinha ocorrido, lembrei de ter agradecido por poder estar ali. Nunca chorei ou reclamei, pra falar a verdade me diverti um bocado, com minha mãe fazendo piadas em tempo integral e a ação social de um clube que no hospital fundamos, parecia mais uma grande festa de final de ano, com novos amigos e afins. Ganhei tantos presentes, de gente que conheci ali, fiz amigos, ajeitei relacionamentos, sonhei com outros tempos, mas sabia que além de não voltar a andar, mais coisas tinham mudado.

No mês seguinte, fomos finalmente de UTI aérea para uma capital, não quis SP ou RJ, queria a Bahia, era fevereiro e eu queria trabalhar no carnaval, srrsrs.

Até então não sabia exatamente o tamanho e complexidade do meu quadro em questão. Pedi foi feito, chegamos em Salvador com escolta e batedores, ambulância e um clima de urgência que não consegui entender. Não tinha só perfurado o pulmão esquerdo e quebrado algumas costelas, e uma operação no joelho a fazer?

Não era bem assim...

Assim que cheguei no hospital, Dulcinha já estava me esperando.*Dulcinha é irmã de Irmã Dulce carnal, que me chamava de neta tamanho o carinho que a amizade desde a mocidade entre nós se formou.

Eu sua neta e amiga , estava tão feliz por tê-la ali conosco, e no meio de muito alvoroço um moço, médico residente talvez, pegou logo meus exames e de uma só vez foi falando; você sabe que quebrou a coluna em três lugares e não vai mais andar?

Eu, minha mãe e não Dulcinha tínhamos tal informação...é que no hospital que passei tanto tempo primeiro, ninguém teve coragem de nos dizer, ou não quis.

Dulcinha foi logo clamando pela Irmã lá no céu, prometendo subir as escadas do Bonfim de joelhos (ela já tinha mais de 90 anos na época) e de repente no meio dos planos, via a primeira lágrima deixar escorrer. Mesmo assim, pedi retrato, passei batom e tenho até hoje guardado e eternizado esse momento,in...feliz!

Dali já estava indo para a ressonância e duas equipes de médicos diferentes vieram me propor alguns planos, a primeira:
...vamos já operar e você tem 15% de chances de voltar a andar.

A segunda menos elegante, já foi logo contando piada, sendo jocosa mas me pareceu bem articulada, e o médico chefe já foi logo dizendo, não tem chance de andar, prá que operar, vamos logo tratar do que adianta e o resto só com milagre.

Fui as pressas de maca fazer o exame e ficamos para decidir logo no fim.

Mas, naquela noite algo muito estranho e realmente divino aconteceu, ao entrar na ressonância magnética e passar um frio danado, ter que trocar de máquina por ter claustrofobia, agarrei num gatinho de pelucia que ganhei em Conselheiro Lafayete e batendo papo quem quem passava e me preparava na maca, comecei a orar. Chamei por Irmã Dulce que sentia próxima ... por conhecer seus passos. De repente no meio de todo aquele som estridente, incomodo e constante que a tal máquina faz, vi Irmã Dulce comigo, dizendo: calma minha filha, você não vai precisar operar e vai voltar a andar. Chorei tanto, que minha mãe ali do lado, logo tocou um botão, para parar o tal exame. Disse tranquilamente pra ela, não tem problema não, é que apareceu aqui dentro uma mensagem que me deixou feliz. Saí e escolhi a segunda opção.

Acho que achei mais honesta, e mais outra operação, não aguentava não. Já sabia que tinha escolhido no dia do acidente, ficar embora presentisse que não voltaria a andar...mas agora com aquela visão ou mensagem, fato , realidade ou alucinação?Tomava tanta morfina que já não sabia o que era noite nem dia, ou verdadeiro até então.

Mas meu coração confiante, disse que aquilo era fato e de algum jeito abstrato, eu voltaria a andar...

(continua)...

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