viagens por aí...

Arrumando as malas novamente, me vejo a procurar o passaporte e acho logo seis, quantos quilômetros rodados, voados, perdidos, vividos...divertiiiidos!

Lembrei que no último ano até de fusca viajei para o Ceará. De Canoa Quebrada, podia ter ido para Cochabamba, mas fui driblando a alfândega e não parei até em Pipa chegar, não é que dois meses depois, voltei para a origem e fui de fusca mais uma vez viajar?

O melhor, foi ver os carros novos que zombavam da rapidez e do andrajo, parados quebrados, e o fusca fasceiro a passar...a 70 por hora, mas sem quebrar.

Na viagem de ida, 700km duraram 14 horas em dois dias, na volta muito mais experiente, fomos em 7 horas eu e dona Yara, somar 1.400 contentes. 

Já fizemos Safari, então porque não brincar de "safarar" por aqui?

De viagens guardo tantos momentos... como o do sujeito que queria ir e não foi, de chegadas e partidas, antes melhor escolhidas, agora com o preço das tarifas, para onde se vai?

Buenos Aires, ai ai!!!

No passado destinos mais hollywoodianos, não importa, o que vale é poder viajar.

Só a viagem nos faz gostar de chegar!

Seja lá o que se chama de lar exatamente. Lar prá mim, sempre foi onde você está.

Com os anos, as malas não foram diminuindo, e prontas partindo sempre estão para lá e para cá. Moro em tanto lugar, que um somente não me "cabe" certamente, alma animada só de pensar em viajar...alma festeira, forasteira, aventureira.

Sempre faço planos, troco e faço novos, sempre conheço alguém que se torna amigo de infância, tantas histórias boas prá compartilhar.

Até a da viagem para África que fui sem ter saído do avião... Fígaro e a banda da Leila Pinheiro, que deixei no Rio de Janeiro, mas a Cris comigo sempre estará!

A de ilhéus e o "Häagen Dazs" no isopor guardado, ai que bom era ter gelo de madrugada para poder dividir e experimentar.

Joana querida, minha irmã que Iemanjá trouxe pela camiseta, há tantos, tantos anos atrás... quantas outras partes minhas ainda vou juntar por esse país?

Outros países que foram meus, agora são todos seus...quero poder viver a viajar só por aqui por um bom tempo...nossa raça é mais maneira e hospitaleira, e museus já conheci bastante, agora quero poder reinventar-me antes, de começar a de novo viajar.

Viajo nos filmes, nas histórias contadas, por mim e por outros alguéns,experimentadas...
quem canta sua terra canta para o mundo inteiro, quem canta o mundo inteiro canta só para os seus conterrâneos... é assim que ouvi e transmito agora,

bóra viajar???  

Luzia, a primeira brasileira?

Ainda gravando para o Oi Brasil fomos a Lagoa Santa, onde uma dúvida adormecida, reascendeu...acompanhem meu raciocínio por favor...

Quase todos os brasileiros sabem ou já estudaram que no dia 22 de abril de 1500, o Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral ??? Certo? Há controvérsias...

Eu nunca acreditei muito nessa parte da história, desde os tempos de colégio,
lembro de ter perguntado para as professoras que tentavam me ensinar essa lição, se:


- Os índios que estavam aqui, não descobriram primeiro?

- Na verdade os portugueses só invadiram né?

(Elas nunca concordaram com o meu ponto de vista...)

Mas no fundo eu sabia que essa história estava literalmente mal contada. E haviam traços notórios que outros navegantes já tinham aportado em nossa vastíssima costa.

Na verdade eles, os portugueses, nem queriam descobrir nada... talvez precisassem apenas de bússolas ou mapas melhores... pegaram "o caminho errado para as Índias" e disfarçando, cometeram uma invasão no novo território, é como vejo.

Como será que estão ensinando essa lição hoje em dia, com a descoberta de Luzia??? Como foi batizado o crânio mais antigo das américas, descoberto na região de Lagoa Santa, Minas em Gerais em 1975.

Até então, acreditava-se que antes de Cabral e Colombo, o continente americano tivesse sido ocupado uma única vez, pelos antepassados dos índios atuais! A descoberta de Luzia, descarta essa versão e muda a nossa história para sempre!

O fóssil humano só foi devidamente identificado alguns anos mais tarde e para surpresa geral, descobriram que o mesmo tinha 11.500 anos e era de uma mulher com traços negros.

Ou seja, durante "onze mil e quinhentos anos" , Luzia permaneceu intocada, coberta por aproximadamente 13 metros de detritos minerais, numa caverna. Passaram mais de 100 séculos para a mais antiga brasileira, ganhar notoriedade no mundo científico internacional!

A pedido da BBC, a Universidade de Manchester na Inglaterra reconstitui a fisionomia de Luzia, confirmando o que já havia sido revelado no Brasil, sim , Luzia era uma mulher de aproximadamente 20 anos e negra.

Contrariando os antigos estudos que afirmavam ser o povo indígena, o único a ter ocupado o solo brasileiro antes da chegada dos portugueses.

Então me ocorre novamente a pergunta, teriam sido os portugueses que realmente descobriram o Brasil, ou apenas o povo que a quis reconhecer como uma conquista para si, primeiro?

 

Candombe/ Festa de São João em Minas Gerais

Sinais...

Durante toda minha vida, fui presenteada por sinais...de trânsito, de fumaça, de perigo...e outros mais espirituais.

Não sei se acontece com você, de sonhar que está voando e essa ser uma sensação quase real...sonhar as vezes com coisas que acontecem, enfim, acredito que todos temos esses e outros sinais especiais a nos acompanhar.

Em 2003, quando estava gravando o programa viajante de tv,fomos para Serra do Cipó em Minas Gerais,no que amanheceu dia 24 de junho tive uma sensação estranha, nem boa, nem ruim...mas a noite, quando estávamos indo pela estrada de terra para um ritual da festa de São João, chamada por lá de Candombe(uma espécie de sincretismo religioso da festa africana para a católica),passou dando um razante na frente do carro...uma coruja branca, sem semelhança a de Harry Potter, mas com um quê especial para mim(essas corujas sempre apareciam quando algo ia mudar...).
Falei na hora pro MV(Marcus Baldini),isso é um sinal.Ele olhou e deve ter pensado; qual?

Chegamos na festa, lindinha, cheia de fé e magia,de gente simples da lavoura...em volta de uma casinha pequena só na forma, porque dentro cabiam mais de cem em frente ao altar, e lá fora,num mastro a bandeira do Santo Menino e do lado uma fogueira grande que quase chegava no céu...

Conversando com a gente de lá, soube por um moço...
que mais tarde haveria um teste de fé!

Depois da meia noite, enquanto o menino dormia,os mais corajosos e fervorosos na fé,
passavam a fogueira, pisando nas brasas, com os pés...(descalços).

Ah, se isso era teste de fé, eu muito ingênua ou arrogante talvez, disse...quem tem fé não queima o pé? Vou também...

MV, tentou fazer com que eu desistisse, mas se ele disse não, aí é que eu faria, tínhamos uma rixa aberta e uma admiração velada... coisa de adolescente fora de época.

E eu fui, pedi para o Rodrigo nosso cinegrafista se posicionar e o MV vendo que eu ia, se posicionou com a outra câmera também, eu vibrei, descalcei os pés,e fui concentrada...andei cerca de uns dois metros sem nada sentir, até que alguém me chamou e me desconcentrei...comecei a sentir meus pés afundando...a cada centímetro mais naquelas brasas ardentes...andei mais um ou dois metros assim, atravessei e do outro lado quando cheguei,levantei os braços, parecendo querer correr para o abraço e o gol comemorar, nada..era dor controlada, assim que percebi que não estava sendo filmada, desmaiei com os pés em larvas, doendo de uma forma que não consigo explicar.

Enfim, fomos todos parar num hospital a 18km dali, eu durante todo o caminho da estrada   chorava de dor,e quando chegamos soubemos que a última dose de morfina já havia sido aplicada,num repórter da Folha Ilustrada que também tinha falhado na fé.

O médico bem simpático,tentou explicar que racionalmente não dava,eu com aqueles pezinhos fininhos,tentar competir com a galera da enxada, com os pés um pouco mais calejados,talvez.
Fiquei frustrada e impossibilitada de andar, tive queimaduras profundas, atrapalhei as filmagens,e era de colo em colo levada para terminarmos a saga de Minas Gerais.

Demoraram dois meses inteiros até um xamã verdadeiro eu conhecer e depois de um ritual na Chapada dos Veadeiros, conseguir com um guizo de cascavel,andar outra vez.

Alguns anos passaram, para eu entender esse porque...
era um sinal, eu fui iniciada num ritual, trocando de pele, criando casco, para poder depois do meu acidente, novamente re-aprender através da fé a andar.

Ella Fitzgerald - Blue Moon

Billie Holiday : Blue Moon

minha vida é andar por esse país...

"Prá ver se um dia descanço feliz...guardando as recordações, das terras onde passei..."     
 
Versos truncados eu escrevo agora, lembrando a música do Rei do Baião que mais amo na vida. E minha vida assim é, nasci viajando e viajo até hoje como ninguém. Meu pai certo dia me disse:
"uma pessoa só é interessante se
tem babagem, e prá ter bagagem, é preciso ter quilometragem",

ouvi e nunca mais parei de viajar...

O ápice foi conseguir casar o amor pela estrada com o trabalho no Oi Brasil, programa que desenhamos pós o sucesso do Oi Folia, vale um adendo ou capítulo inteiro, como incentivo para você não desistir de sonhos.

Um dia, de férias na nossa casa de praia, assisti um comercial que chamou minha atenção na televisão, e pensei, é com essa gente que tenho que falar. Tratava-se  da campanha de lançamento da OI,e a assinatura com aquelas criancinhas me conquistou!

Passado um tempo, fui falar com nosso querido presidente do Grupo Bandeirantes sobre a idéia de fazer um programa itinerante, um pouco diferente dos moldes do Calçadão que tínhamos testado no Canal 21.(Sempre ao vivo, diariamente das praças de São Paulo, capital)
Queria juntar num só lugar os muitos brasis que já tinha conhecido.
Johnny Saad disse que adorava a idéia, mas que eu precisava achar um parceiro financeiro, o programa seria muito caro,
custo de desvendar um um grande país! 

Dinheiro...

...simples assim...(?)

E saí em busca daquela que seria minha maior patrocinadora...a OI.
Como chegar? Tinha um amigo,de uma amiga, de uma amiga,o Zé, que trabalhava na NBS(agência de publicidade que cuida dessa conta), mas ele não se empolgou em fazer a apresentação, e me avisou docemente como era difícil chegar ao "homem" que decidia as coisas por lá.
Sr. Alberto Winkler Blanco na época...sem o telefone, contato de e-mail e sem saber como fazer, optei pelo mais simples, tal qual o slogan deles, comprei um aparelho pré pago da OI, com chip do Rio e liguei para a Central de Atendimento aos Clientes, querendo falar com o marketing, rsrsrsrs.

Primeiro vi as vantagens e deficiências do sistema, para ter assunto na hora H.

E não é que funcionou, cheguei de andar em andar sendo passada, até uns novos números de telefones pegar e chegar na Laura, secretária do Blanco.

Já fui agendando e ela;

(ela) perguntou: "mas ele conhece você?"

(eu) hum...não, mas vai conhecer!

Foi a resposta que pensei e não lembro se dei, desconversei e criei um plano...

Fui para o shopping da Gávea assistir um filme para espairecer e na saída vi aquelas flores lindas, mandei...
numa loja de presentes achei um rolo de papel higiênico com notas de dólares impressas,(imagine o que eu queria dizer...)
estranho, mas imaginei que combinasse com meu plano, e também mandei.

Sei que na semana seguinte meu telefone toca, com a simpática Laura a marcar uma reunião com o tão esperado e difícil rapaz. Me vesti casual, e fui...tremendo.

A Laura já veio dizendo;
pena...você é a menina das flores e do papel?
Sorri e disse que sim, ela deu uma gargalhada, achava que era coisa de alguma ex namorada ou amigo brincalhão, mas não,era eu mesma em questão.
Me oferecendo um café disse, mudaram os planos, ele recebeu um telefonema urgente e teve que ir prá SP, saiu agorinha, vamos deixar para uma outra vez?

Eu, olhei para onde deveria ser a tal mesa do "Blanco" reconheci porque minhas orquídeas ainda estavam por lá, ela ; são tão lindas que eu deixei prá ele ver...

E pensei, o que será que posso mandar semana que vem...(?)abaixei para deixar um bilhete engraçado, quando olho um mocinho todo molhado de mochila nas costas subindo as escadas e a Laura com uma cara desconcertada, disse, menina, você tem mesmo sorte...ele voltou !?

Eu já ia me animando quando o dito passou por mim, sem me dar nenhum espaço, falando no celular, chamou a Laura e eu vi quando ele me dispençou, e pensei, hehe, não vai ser
tão simples assim  dessa vez.

Fiquei parada no alto da escada, falando com ninguém no meu celular, e a Laura toda assustada, tentando desmarcar, desistiu, aprendi rapidinho com ele, como não deixar uma pessoa falar.

Assim que ela sentou e pegou o telefone, fui eu quem voltei a querer conversar, ela sorriu e disse você não vai desistir? Ele vai demorar prá sair, perdeu o vôo e tá uma arara...

Eu nem ligo, disse sorrindo...
posso esperar,

Ela; 

ai meu Deus, espera, mas não vou garantir que ele vai falar.

Eu sentada, e eles...cada um num canto da sala enorme, onde todas as pessoas da Oi trabalhavam unidas, e eu nem fiz cara de esquecida, lia e se ele olhasse...sorria, prá mostrar que não tinha desistido não.

Não teve jeito, uns 40 minutos depois, ele sem sair do celular, veio de mochila nas costas com cara de agora não dá, eu levantei e fiquei no meio do caminho, meio que o na frente da escada, rsrsrs.

Ele disse, o que você quer falar comigo, pode falar em um minuto?
Eu disse, sentando na mesa, não, mas você vai gostar de escutar,
ele saindo disse, então vem, você tem o tempo que o elevador chegar,
e literalmente nesse tempo, falei do projetos e como seria, esperamos os dois, táxis na saída da OI, veio uma chuva, aumentou o tempo do meu argumento, e no dia seguinte, véspera do Natal, eu tinha uma reunião com toda equipe da NBS, aquela agência que o amigo da amiga não quis me levar não, e todos lá bem cedinho na vépera de tal data estavam, e saímos com o contrato assinado para o OI Folia que deu origem ao programa Oi Brasil na sequência.

A partir daí a parceria foi formada e foi um case de sucesso, ainda tem mais gente que fez parte desse segundo tempo aqueles que sempre agradeço,Homero e MV, que acreditaram na idéia e apesar de toda nossa divergência,criamos juntos um programa bem conceitual. No final da saga, contabilizamos no patrocínio: a TAM, SIEMENS MOBILE, FORD e MITSUBISHI,fora as parcerias que foram traçadas...  

Tango pra Madame

abaixo o COVER...

Acho literalmente uma falta de criatividade total esse tal de COVER, seja musical, teatral, publicitário, cinematográfico ou na vida real.

De tanto que abomino, criei junto com um amigo o "Primeiro Rock Festival" do Paraná, já há muitos anos atrás, acho que 1992 ou 93, isso não lembro. Mas foi sensacional!!!

Eu tinha na época, em Curitiba um programa na TV Manchete, uma espécie de "revista eletrônica" semanal o TVM,repleto de novidades e agenda cultural, sorteios promovidos pelo Boticário, um desfile das bandas locais e seus repertórios nem sempre originais.

A parte do programa que cobria teatro,era uma beleza, moda, publicidade... tudo funcionava, só o que me incomodava era ver tantos músicos bons, fazendo COVER de alguém. Lembro do Dr. Smith, Bethoveens,Ipsis Literis, Gypsy Dream...e mais uma porção.

Eu que já era ousada, resolvi dar uma mão... para irem em outra direção, criei o Festival para incentivá-los a tocarem suas próprias composições, e com meus contatos lembro ter conseguido, passagens aéreas para os jurados, uma viagem para Aruba a ser sorteada no dia da exibição para platéia, e para os três primeiros colocados vídeo clips, profissionais... e um CD para o primeiro lugar, feito pelo estúdio Alma Sintética, o melhor da região.

Contei com a ajuda de Sérgio Sofiatti e meu irmão André Kritski,para redigir os ditames da ficha de inscrição e as normas da realização.
Renatinho Burgel para a gravação do CD,e hospedagem do nosso artista convidado especial...com Mário Nicolau para fechar o Coração Melão, palco das nossas bandas e a contratação de uma grande atração...que foi "o Gabriel Pensador".

Com minha ingenuidade liguei para a MTV, e por termos os nomes parecidos, TVM...rsrs, pedi para falar com o diretor de programação, e falei com o Zico, prá quem pedi emprestado um VJ para ser jurado também, ele mega gentil, acho que se assustou com tamanha ousadia, e nos mandou "emprestado" Thunderbird... que eu distraída no dia com tantas coisas a resolver, esqueci de pegar no aeroporto, estava na época já usando um celular,um NEC tijolão, eis que do outro lado da cidade, uma hora de atraso, ele esperou e me ligou: "ei cara", vcs não vem me buscar não?

Lá em casa já estavam hospedadas, Andréa Rock and Roll e uma representante da 89 FM do Rio, todos nossos jurados e encaminhadores dos nossos novos talentos...eita tempo bom!

Nicolau também era responsável pela divulgação na FM do grupo da Televisão, não lembro direito mais acho que era Cidade FM e da da mega faixa do palco também, lembrei.

Gravamos chamadas especiais para passar no telão antes que cada banda subisse ao palco, mega infra estrutura, o Coração Melão  LOTADO, e eu de Cabidella apresentando "AO VIVO" do palco com Thunderbird e Rodrigão.

Uau, que festa, ficaram mais de mil pessoas para fora, sem conseguir ingressos para entrar, as bandas COVER da cidade levaram uma legião de fãs, e familiares,rsrs. Mais o show do Gabriel Pensador no auge, foi um aglutinador!

E isso tudo é prá contar que DETESTO COVER há muito tempo, gosto mesmo de quem tem ousadia e se arrisca, faz sua própria linguagem de comunicação, então decreto ABAIXO cópias, chega de falsificação!

Que tal soltar as amarras, ousar e criar...mesmo que a princípio seu público seja menor, será com maior convicção.

Chega de referências dos outros, vamos virar REFERÊNCIAS então!

queria me surpreender!

É, mais uma vez a razão vence a
emoção...e aqui dentro eu ainda
queria me surpreender;

com uma gentileza inesperada,
um olhar de gratidão,
a mão estendida corajosa,
uma indicação,
o contrato recém assinado,
a ressurreição,
a bola na trave que entra,
a certeza da obstinação,
a letra da música que fala,
bem direto ao meu coração,
o elogio que chega na hora certa,
a alegria no lugar da aflição,
a verdade falada docemente,
uma boa programação,
o suspiro que sai aliviado,
a tranquilidade da contramão,
o vai e vem constante,
a nobreza da consolação,
um final de semana comprido,
a taça de sorvete na mão,
um toque uma delicadeza,
não a surpresa da constatação...
que tudo que não era, já foi,
um tempo para meditação,
queria a surpresa da passagem
comprada, não a desculpa
que não colou não...
queria me surpreender e estar
enganada com essa minha intuição,
que mais uma vez não vi direito
a quem era,que entreguei meu coração.

Sincerão 2 !

Diferenças e costumes...

Quando cheguei no nordeste há uns 20 e poucos anos atrás, muitas diferenças gritavam aos meus olhos tão sulistas, e parecia realmente que estávamos em outro país.

Pela cor do mar exuberante verde azulado, pelos coqueiros e coqueirais...mas principalmente por causa de um rapaz, rsrsrs.

Estava eu fazendo aula de dança no Ceará, aprendendo os ritmos locais, ritmos esses  bem diferentes do jazz e do ballet, que eu praticava quase com perfeição, rs.

Na época eu pintava constantemente e expus meus quadros na galeria de Inês Fiuza, até aí tudo igual.

Difícil era acertar o figurino, tínhamos a errada impressão de que no nordeste todo mundo era bronzeado, sarado e vivia de bermudão,como se estivessem na praia, já que na praia estão.

Desilusão, dei todo meu guarda-roupa em Curitiba antes de vir, e quando cheguei tive que comprar tudo outra vez... bermudas, não eram nem permitidas para entrar na televisão, e não aceitas em quase nenhuma ocasião, rs.

Já que se vestiam como a gente no sul, não importanto a diferença da temperatura, voltei ao figurino habitual.

Eis que fico amiga de um casal que me convida para sair numa quinta a noite, levando um pretendente a tira-colo, me avisaram que o lugar era o melhor de Fortaleza.

Pronto, roupinha de linho, meia fina creme e sapato de camurça, estava "arrasando quarteirão" (para os que não conhecem essa expressão é mais ou menos,...estava fantásticamente bem vestida para a ocasião)rs.

No horário marcado eles já estavam na minha casa, extremamente pontuais, com o jovem amigo no carro logo atrás, fomos todos para o tal lugar que eu iria amar.

Seguimos para o caminho contrário que estava habituada para jantar, fomos rumo a praia(?) e eu já não imaginava ao certo qual a programação... muitos carros estacionados, achamos um bom lugar segundo eles, tivemos "sorte" e descemos, então.

Meu susto, o lugar do jantar era uma barraca literalmente na praia(areia), eu olhei para a meia fina e o sapato já meio sem graça, quando avistamos aquelas mesinhas de plástico "coalhadas" de gente e "adoçica" era a música em profusão, imaginei rapidamente, uma festa do Beto Barbosa?
Não era não, era o costume da região, em Fortaleza toda quinta-feira é noite (dia) de comer carangueijo, obviamente com as mãos... com todo aquele ritual bizarro, de pauzinho de madeira na mão, tábua embaixo para apoiar, uma bacia para jogar os restos mortais dos pequenos... eu já assustada, aqui em cima não depilam ele não?
Claro que já havia comido o prato em questão, mas o aparato era um pouco diferente, e a cabeça na minha terra ninguém comia não...

E para achar uma mesa e poder se sentar...eu educada com sorriso amarelo, pensava o que estou fazendo aqui no meio? 
Meus novos amigos gentis, e estranhamente bem arrumados, mas também não para aquela situação... perguntaram : tá gostando?
a resposta nada sincera: ôh...

Achada uma mesa, os meninos saíram correndo pegaram antes que alguém quisesse, quase preparados para sair no tapa se chegasse a precisão...minha amiga e o namorado sentaram, só tinham três cadeiras, então obviamente fui me acomodando para sentar na que sobrava, enquanto o futuro pretendente ia a puxando para mim...não...era para ele mesmo, quase caí no chão, fiquei eu em pé, no meio daquela pseudo multidão de devoradores vorazes, numa saia justa pela total falta de educação do moçoilo, que eu nunca mais quis ver , ah não...

Anos depois, participo do ritual, já armada, vou arrumada para a situação e vez por outra vejo algumas desavisadas, iguaizinhas a mim naquela noite inesquecível em questão, e sorrio sozinha baixinho, já pensando no camarão...

La Valse d'Amelie

Hymne à L'Amour

Edith Piaf

Nina Simone

entrevistados especiais...

Dia desses, dando uma entrevista..."titubiei" quando me perguntaram; "...qual foi a melhor entrevista que você fez na vida...?"
Para não perder o costume indaguei:(?)


-Qual ou quem?
-ah, sei lá...o jovem respondeu.


Fora parecer meio óbvia essa pergunta,cá entre nós, imaginei...o que mais se há de perguntar?
Qual livro você está lendo?
Sua música preferida?
Uma cor?


E ri, lembrando do tempo em que essas eram as melhores perguntas que eu sabia fazer. Não sou celebridade, nem tão pouco famosa, ser entrevistada a essa altura já era um gesto de ternura de alguns alunos a quem anos atrás dei algumas dicas e aulas.


Refiz-me, aprumei-me e respondi;
 "peraí" deixe-me lembrar... não foi uma, nem duas, nem três, posso citar várias de uma vez?


O jovem jornalista se animou,e em seguida viu a "roubada"... vai que ela não pára mais de falar e pega meu microfone...ai, ai...


E eu a princípio pensando que o mote era cinema, já que  nessa área estou a algum tempo, mas não era...o que se há de fazer? Responder...
Copio e colo aqui, o que foi dito mais ou menos assim:


"Lembrar de qual, ou de quem,  é difícil assim de uma vez, foram tantas por motivos tão diversos que vou tentar resumir prá você.




A primeira, inesquecível, foi com Fernando Bicudo, que ia estrear a ópera Katirina...pus óculos, calça Lee e camiseta branca, fiz cara de low profile, e na hora H, travei, não tinha a menor idéia do que perguntar, isso depois de ter imaginado as perguntas umas cem vezes mentalmente antes dele chegar. Mas Fernando, educado e inteligente, percebeu meu ar adolescente e começou a falar... falou, falou, deu ponto e vírgula, e ficou fácil de editar.
(pela generosidade, nunca vou esquecer a primeira vez, rs)




A segunda, na sequência foi boa, para tomar tenência e não deixar o ego se alojar.
Com a banda "Inimigos do Rei" em pleno auge, na turnê de 91,92,93(?) e eu me enganei, troquei nomes, errei e errei, tanto que eles pediram um copo de água com açucar, para eu me acalmar,(imagine a vergonha) serviu para me focar!!!Agradecida até hoje, sou aos três.




De lá prá cá, foram centenas, mais de mil talvez, entre anônimos e famosos muitas se tornaram referência, mas para não me estender vou citar as melhores de uma vez!




Francisco Brennand em Recife, ele avesso a dar entrevistas, doou-me 3,4 horas do seu tempo...e a Olaria, os jardins de Burle Marx ,o anfiteatro, telas, foi me mostrar...virou especial prá mim, e  um ESPECIAL no ar!




Dona Zélia Gattai, miha amada e escolhida madrinha, abriu sua casa, sua alma e me recebeu ainda menina, como uma rainha, cheia de pompa para eu poder entrevistar, de cara foi dizendo que adorava meu trabalho na televisão, e que ela e Jorge não perdiam um dia da programação.
(se referindo ao 7+7) Foram muitas entrevistas até que meu irmão e a nossa produção, armaram uma surpresa...no dia do meu aniversário, Dona Zélia tornou-se por um dia a apresentadora de uma grande festa no ar na televisão!
Como poderia deixar de lembrar...




Oscar Niemeyer, a princípio também só nos cederia 10 minutos de tempo, que viraram duas horas inteiras,onde ele gentilmente fez chamada para o programa, me deu uma abração, contou piada e potoca, planos futuros aquela altura, e confidenciou histórias de Brasília da sua construção.
Recebi de presente um livro e uma dedicatória que guardo na memória e aqui divido...(quando a moral "tá" baixando, leio e sorrio, a vida melhora) até o ego desinflar...acalma o coração.




J. Borges, xilogravurista e cordelista formidável que mora em Bezerros-Pernambuco, onde construiu seu próprio Memorial ainda vivo, e nos foi indicado por Ariano Suassuna, adorei conhecer, ouvir, ver e passei a admirar...com trabalho nas artes sustentou a família, ensinou o ofício aos filhos e continua sorridente por lá.




Mestre Cícero, filho de Mestre Vitalino que mudou a vida do seu lugar... graças a sua alma de artista, na música e com o massapê a dar formas e inventar arte que brota do Alto do Moura , em Caruaru para no mundo inteiro brilhar!!!


Mestre Damasceno, Dona Sebastiana, Dona Rosa toda prosa, Monica nossa Madame Guerreira, toda faceira...
foram tantas que me sinto feliz só de lembrar... quantas histórias foram comigo divididas, algumas contidas nesse coração aqui... a morar, prá sempre vão estar!